quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Balanço do CEPM / 2012


                   O CEPM durante seu primeiro ano de funcionamento procurou em todas as suas linhas respeitar e valorizar as experiências de vida dos educando e de suas famílias. Temos como propósito fortalecer nos educando, a postura humana e os valores aprendidos: a criticidade, a sensibilidade, a contestação, a criatividade diante das situações difíceis, a esperança. Queremos deste modo formar seres humanos com dignidade, identidade e projeto de futuro. Assim desenvolvemos durante todo o ano de 2012 atividades diferenciadas para alcançar este objetivo.







quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ORIGEM DO NOME PIAUÍ

Em várias aulas da disciplina História do Piauí na Universidade Federal do Piauí (UFPI), o professor e historiador Fonseca Neto sempre conta a seus alunos a origem do nome Piauí. Assim que ele começa a ministrar a disciplina sempre tem aquele aluno que pergunta: Professor de onde veio o nome Piauí? E você sabe de onde veio esse nome?
Segundo professor Fonseca Neto, o nome Piauí foi dado pelos indígenas que habitavam essas terras. Os índios moravam próximos a rios e esses eram cheios de peixes da espécie piaus, quando os nativos iam pescar ficavam a beira do rio pronunciando: piaus, piaus, piaus. Assim as terras daqueles indígenas passaram a ser chamadas de Piauí.

19 de Outubro - Dia do Piauí

Hino do Piauí

(Letra: Antonio Francisco Da Costa e Silva/ Música: Firmina Sobreira Cardoso)


Salve! terra que aos céus arrebatas

Nossas almas nos dons que possuis:

A esperança nos verdes das matas,

A saudade nas serras azuis.


Piauí, terra querida,

Filha do sol do equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!

As águas do Parnaíba,

Rio abaixo, rio arriba,

Espalhem pelo sertão

E levem pelas quebradas,

Pelas várzeas e chapadas,

Teu canto de exaltação!


Desbravando-te os campos distantes

Na missão do trabalho e da paz,

A aventura de dois bandeirantes

A semente da Pátria nos traz.


Piauí, terra querida,

Filha do sol do equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!

As águas do Parnaíba,

Rio abaixo, rio arriba,

Espalhem pelo sertão

E levem pelas quebradas,

Pelas várzeas e chapadas,

Teu canto de exaltação

Sob o céu de imortal claridade,

Nosso sangue vertemos por ti,

Vendo a Pátria pedir liberdade,

O primeiro que luta é o Piauí.


Piauí, terra querida,

Filha do sol do equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!

As águas do Parnaíba,

Rio abaixo, rio arriba,

Espalhem pelo sertão

E levem pelas quebradas,

Pelas várzeas e chapadas,

Teu canto de exaltação


Possas tu, no trabalho fecundo

E com fé, fazer sempre melhor,

Para que, no concerto do mundo,

O Brasil seja ainda maior.


Piauí, terra querida,

Filha do sol do equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!

As águas do Parnaíba,

Rio abaixo, rio arriba,

Espalhem pelo sertão

E levem pelas quebradas,

Pelas várzeas e chapadas,

Teu canto de exaltação


Possas Tu, conservando a pureza

Do teu povo leal, progredir,

Envolvendo na mesma grandeza

O passado, o presente e o porvir.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cantigas de Roda - Folclore Brasileiro

O meu boi morreu
O meu boi morreu
O que será de mim
Mande buscar outro,oh Morena
Lá no Piauí
O meu boi morreu
O que será da vaca
Pinga com limão, oh Morena
Cura urucubaca


Sapo Jururu

Sapo Jururu na beira do rio
Quando o sapo grita, ó Maninha, diz que está com frio
A mulher do sapo, é quem está la dentro
Fazendo rendinha, ó Maninha, pro seu casamento

 
Ai, Eu Entrei na Roda
Refrão - Ai, eu entrei na roda
Ai, eu não sei como se dança
Ai, eu entrei na "rodadança"
Ai, eu não sei dançar
Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um
Tenho sete namorados só posso casar com um
Namorei um garotinho do colégio militar
O diabo do garoto, só queria me beijar
Todo mundo se admira da macaca fazer renda
Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda
Lá vai uma, lá vão duas, lá vão três pela terceira
Lá se vai o meu benzinho, no vapor da cachoeira
Essa noite tive um sonho que chupava picolé
Acordei de madrugada, chupando dedo do pé


 

Roda Pião
O Pião entrou na roda, ó pião ! (bis)
Refrão Roda pião, bambeia pião ! (bis)
Sapateia no terreiro, ó pião ! (bis)
Mostra a tua figura, ó pião ! (bis)
Faça uma cortesia, ó pião ! (bis)
Atira a tua fieira, ó pião ! (bis)
Entrega o chapéu ao outro, ó pião ! (bis)


Escravos de Jó
Escravos de Jó jogavam caxangá
Tira, bota deixa o Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue za (bis)

A Barata diz que tem
A Barata diz que tem sete saias de filó
É mentira da barata, ela tem é uma só
Ah ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só !
A Barata diz que tem um sapato de veludo
É mentira da barata, o pé dela é peludo
Ah ra ra, Iu ru ru, o pé dela é peludo !
A Barata diz que tem uma cama de marfim
É mentira da barata, ela tem é de capim
Ah ra ra, rim rim rim, ela tem é de capim
A Barata diz que tem um anel de formatura
É mentira da barata, ela tem é casca dura
Ah ra ra , iu ru ru, ela tem é casca dura
A Barata diz que tem o cabelo cacheado
É mentira da barata, ela tem coco raspado
Ah ra ra, ia ro ró, ela tem coco raspado


 Pai Francisco
Pai Francisco entrou na roda
Tocando o seu violão
Bi–rim-bão bão bão, Bi–rim-bão bão bão !
Vem de lá Seu Delegado
E Pai Franciso foi pra prisão.
Como ele vem todo requebrado
Parece um boneco desengonçado
 
Marcha Soldado
Marcha Soldado
Cabeça de Papel
Se não marchar direito
Vai preso pro quartel
O quartel pegou fogo
A polícia deu sinal
Acorda acorda acorda
A bandeira nacional
 
 
Pirulito Que Bate Bate
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela
Quem gosta dela sou eu
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
A menina que eu gostava
Não gostava como eu
Samba Lelê
Samba Lelê está doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
De umas dezoito lambadas
Samba , samba, Samba ô Lelê
Pisa na barra da saia ô Lalá (BIS)
Ó Morena bonita,
Como é que se namora ?
Põe o lencinho no bolso
Deixa a pontinha de fora
Ó Morena bonita
Como é que se casa
Põe o véu na cabeça
Depois dá o fora de casa
Ó Morena bonita
Como é que cozinha
Bota a panela no fogo
Vai conversar com a vizinha
Ó Morena bonita
Onde é que você mora
Moro na Praia Formosa
Digo adeus e vou embora

 
O Cravo e a Rosa

 
O Cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O Cravo ficou ferido
E a Rosa despedaçada
O Cravo ficou doente
A Rosa foi visitar
O Cravo teve um desmaio
A Rosa pos-se a chorar
Ciranda Cirandinha
Ciranda Cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar
O Anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou
Por isso dona Rosa
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá se embora
Nesta Rua
Nesta rua, nesta rua, tem um bosque
Que se chama, que se chama, Solidão
Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Que roubou, que roubou meu coração
Se eu roubei, se eu roubei seu coração
É porque tu roubastes o meu também
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
É porque eu te quero tanto bem
Se esta rua se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Para o meu, para o meu amor passar

 
Fui no Tororó
Fui no Tororó beber água não achei
Achei linda Morena
Que no Tororó deixei
Aproveita minha gente
Que uma noite não é nada
Se não dormir agora
Dormirá de madrugada
Oh ! Dona Maria,
Oh ! Mariazinha, entra nesta roda
Ou ficarás sozinha !
Sozinha eu não fico
Nem hei de ficar !
Por que eu tenho o Pedro
Para ser o meu par !

 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Crônica Comentada: Bons dias, de Machado de Assis

A obra de Machado de Assis não deixa dúvidas: a literatura sai de sua pena (é, pena de caneta, coisa que naquele tempo era instrumento do escritor) com a maior facilidade. Prova disso são suas crônicas diárias para os jornais. Todas que se lê provocam um riso no canto do lábio, já que a ironia, arma que Machado usou magistralmente, permanece viva nelas apesar da passagem do tempo, os mais de cem anos em que foram escritas.
A crônica que selecionamos para hoje, além de ser deliciosa, tem outro atributo: revela o processo de criação do narrador-cronista. Ao andar de bonde pela cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ou bond, como se dizia na época, assim em inglês, Machado “desliga” do tempo cronológico e, deixando a mente vagar, mergulha nas pequenas ocorrências do cotidiano. Essas ocorrências, em geral tão pequenas e costumeiras que ninguém nelas repara, nesse estado de “desligamento temporal e espacial” provocam um ruminar, isto é, um estado de meditação ou reflexão que deslocam o pensamento do autor de seu tempo vivido para o tempo da criação.
Vamos “pegar o bonde” do Machado e buscar inspiração para escrever crônicas nesse mergulho no cotidiano?

BONS DIAS!
(publicada em 21 de janeiro de 1889)

Vi não me lembra onde...
É meu costume; quando não tenho que fazer em casa, ir por esse mundo de Cristo, se assim se pode chamar à cidade de São Sebastião, matar o tempo.
Não conheço melhor ofício, mormente se a gente se mete por bairros excêntricos; um homem, uma tabuleta, qualquer coisa basta a entreter o espírito, e a gente volta para casa "lesta e aguda", como se dizia em não sei que comédia antiga.
Naturalmente, cansadas as pernas, meto-me no primeiro Bond, que pode trazer-me à casa ou à Rua do Ouvidor, que é onde todos moramos. Se o Bond é dos que têm de ir por vias estreitas e atravancadas, torna-se um, verdadeiro obséquio do céu. De quando em quando, pára diante de uma carroça que despeja ou recolhe fardos. O cocheiro trava o carro, ata as rédeas, desce e acende um cigarro: o condutor desce também e vai dar uma vista de olhos ao obstáculo. Eu, e todos os veneráveis camelos da Arábia, vulgo passageiros, se estamos dizendo alguma coisa, calamo-nos para ruminar e esperar.
Ninguém sabe o que sou quando rumino. Posso dizer, sem medo de errar, que rumino muito melhor do que falo. A palestra é uma espécie de peneira, por onde a idéia sai com dificuldade, creio que mais fina, mas muito menos sincera. Ruminando, a idéia fica integra e livre. Sou mais profundo ruminando; e mais elevado também.
Ainda anteontem, aproveitando uma meia hora de Bond parado, lembrou-me não sei como o incêndio do club dos Tenentes do Diabo. Ruminei os episódios todos, entre eles os atos de generosidade tia parte das sociedades congêneres; e fiquei triste de não estar naquela primeira juventude, em que a alma se mostra capaz de sacrifícios e de bravura. Todas essas dedicações dão prova de uma solidariedade rara, grata ao coração.
Dois episódios, porém, me deram a medida do que valho, quando rumino. Toda a gente os leu separadamente; o leitor e eu fomos os únicos que os comparamos. Refiro-me, primeiramente, à ação daqueles sócios de outro club, que correram à casa que ardia, e, acudindo-lhes à lembrança os estandartes, bradaram que era preciso salvá-los. "Salvemos os estandartes!", e tê-lo-iam feito, a troco da vida de alguns, se não fossem impedidos a tempo. Era loucura, mas loucura sublime. Os estandartes são para eles o símbolo da associação, representam a honra comum, as glórias comuns, o espírito que os liga e perpetua.
Esse foi o primeiro episódio. Ao pé dele temos o do empregado que dormia, na sala. Acordou este, cercado de fumo, que o ia sufocando e matando. Ergueu-se, compreendeu tudo, estava perdido, era preciso fugir. Pegou em si e no livro da escrituração e correu pela escada abaixo. Comparai esses dois atos, a salvação dos estandartes e a salvação do livro, e tereis uma imagem completa do homem. Vós mesmos que me ledes sois outros tantos exemplos de conclusão. Uns dirão que o empregado, salvando o livro, salvou o sólido; o resto é obra de sirgueiro. Outros replicarão que a contabilidade pode ser reconstituída, mas que o estandarte, símbolo da associação, é também a sua alma; velho e chamuscado, valeria muito mais que o que possa sair agora' novo, de uma loja. Compará-lo-ão à bandeira de uma nação, que os soldados perdem no combate, ou trazem esfarrapada e gloriosa.
E todos vós tereis razão; sois as duas metades do homem formais o homem todo... Entretanto, isso que aí fica dito está longe da sublimidade com que o ruminei. Oh! Se todos ficássemos calados! Que imensidade de belas e grandes idéias! Que saraus excelentes! Que sessões de Câmara! Que magníficas viagens de bond!
Mas por onde é que eu tinha principiado? Ah! Uma coisa que vi, sem saber onde... Não me lembro se foi andando de bond; creio que não. Fosse onde fosse, no centro da cidade ou fora dela. Vi, à porta de algumas casas, esqueletos de gente postos em atitudes joviais. Sabem que o meu único defeito é ser piegas; venero os esqueletos, já porque o são, já porque o não sou. Não sei se me explico.
Tiro o chapéu às caveiras; gosto da respeitosa liberdade com que Hamlet fala à do bobo Yorick. Esqueletos de mostrador, fazendo guifonas, sejam eles de verdade ou não, é coisa que me aflige. Há tanta coisa gaiata por esse mundo, que não vale a pena ir ao outro arrancar de lá os que dormem. Não desconheço que esta minha pieguice ia melhor em verso, com toada de recitativo ao piano: Mas é que eu não faço versos; isto não é verso: Venha o esqueleto, mais tristonho e grave Bem como a ave, que fugiu do além...
Sim, ponhamos o esqueleto nos mostradores, mas sério, tão sério como se fosse o próprio esqueleto do nosso avô, por exemplo... Obrigá-lo a uma polca, habanera, lundu ou cracoviana... Cracoviana? Sim, leitora amiga, é uma dança muito antiga, que o nosso amigo João, cá de casa, executa maravilhosamente, no intervalo dos seus trabalhos. Quando acaba, diz-nos sempre, parodiando um trecho de Shakespeare:
"Há entre a vossa e a minha idade, muitas mais coisas do que sonha a vossa vã filosofia."
Boas noites.
Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro http://www.bibvirt.futuro.usp.br
Permitido uso para fins educacionais.

Indicação de Leitura


Os nomes de Cortázar, Garcia Marquez, Mia Couto, T.S Elliot, Liev Tolstoi e Saramago nos fazem pensar em obras sofisticadas que requerem maturidade de seus leitores. Mas esses grandes mestres não escreveram apenas para gente grande. Também deixaram obras-primas que figuram nos amontoados coloridos das seções infantis das livrarias.


Camponês ambicioso
Tolstoi escreveu Guerra e Paz e Anna Karenina, clássicos da literatura do século 19, na escola para crianças desfavorecidas que ele fundou em sua enorme propriedade herdada dos pais. Muitos dos livros usados em sala de aula eram escritos pelo próprio escritor. Foi nesse período que escreveu o conto infantil De quanta terra precisa um homem? , lançado no Brasil pela Cia. das Letrinhas. Conta história de Pahkón, um camponês ambicioso que nunca estava satisfeito com o tamanho de suas terras. De humilde agricultor endividado, o personagem vai gradativamente sucumbindo à sua ganância. Se antes tinha o objetivo de acomodar melhor sua família e reduzir as despesas com as multas pagas a uma latifundiária vizinha, pois seus animais invadiam a plantação daquela proprietária, ele acaba, por fim, tornando-se a cobiça em si, com um desejo de acumulação abstrato, alienado de suas necessidades. O estilo russo, combinado a uma parábola alegórica da mentalidade camponesa do século 19, surpreendentemente configura um livro infantil de primeira. A ambientação realista do ilustrador Cárcamo transporta o pequeno leitor para um tempo e um lugar diferente daquele a que está acostumado ser levado.
A flor de Saramago
A Maior Flor do Mundo
(Cia. das Letrinhas) é único livro infantil publicado por José Saramago. O conto traz a história de um menino-herói que, ao se deparar com uma flor murcha nos arredores de sua aldeia, contorna o mundo diversas vezes para lhe trazer um pouquinho de água do Nilo. A flor então vai crescendo, crescendo muito, mais do que qualquer outra flor. A história não termina; ganha mote para ser recontada por outra pessoa. Talvez pelas crianças, aquelas que melhor a entenderam. A Comunidade Virtual disponibiliza um link para uma animação baseada nesta história. Veja na seção Link.
O pequeno Machado
Conto de Escola
foi escrito para crianças? Isso é discutível. Mas é fato que a edição da obra de Machado de Assis pela Cosac Naify (vale dar uma olhada nos outros livros da coleção Dedinho de Prosa, da mesma editora) ilustrada por Nelson Cruz conseguiu adequá-la a um público infanto-juvenil sem negar a malícia característica dos textos daquele autor. O conto, que segundo Lúcia Miguel-Pereira, estudiosa do escritor carioca, tem explícito fundo autobiográfico, narra o primeiro contato do pequeno Machado com uma transação mercantil e a corrupção de um colega delator. Agudo e ardiloso, Conto de Escola é daqueles livros que não subestimam seus pequenos leitores, além de ser, sem dúvida, uma ótima opção para aqueles que querem introduzir os alunos na obra desse grande autor.
O urso dos encanamentos
Livros de realismo fantástico para crianças existem aos montes, mas poucos com a sensibilidade de O Discurso do Urso (Record). Escrito por Julio Cortázar, trata-se de uma narração em primeira pessoa da vida de um urso que vive na tubulação de um prédio. As belíssimas ilustrações do espanhol Emilio Urberuaga, em cores predominantemente primárias, dão ainda mais vida ao amável ursinho vermelho, viajante discreto e participante ativo da vida de todos os moradores.
Gatos bilíngues
A fantástica coleção de poemas sobre gatos, que T.S.Elliot escreveu para seus amigos em forma de cartas na década de 30, ganhou em 1992 uma tradução admirável feita por Ivo Barroso para o português (trabalho que valeu um prêmio Jabuti ao tradutor). A edição de Os gatos (Cia. das Letrinhas) é bilíngue, português e inglês. E vale a pena ler assim mesmo e se deliciar com a musicalidade e o ritmo dos poemas nas duas línguas. O vocabulário das divertidas historinhas pede, por vezes, um leitor um pouco mais preparado (na faixa de 10 anos); mas como escreve o crítico Antonio Candido, poesia é oscilação constante entre som e sentido, de modo que só o exercício de ouvir o que está escrito e perceber a construção rítmica já transpõe para plano da experiência alguma significação dos poemas.
Um Garcia Marquez para adultos ou crianças?
Depois de ler Maria dos Prazeres (Record), de Gabriel Garcia Marquez, é difícil não desconfiar que o livro estivesse na estante errada, no caso a dos livros infantis. O questionamento é inevitável: se o livro não está na estante dos adultos, o que faz na estante infantil? A personagem principal é uma prostituta velhinha que está esperando e preparando a própria morte desde que teve um sonho que julgou premonitório. Embora o tema não seja dos mais leves, e problemáticas políticas e sociais estejam explicitamente abordadas, o tratamento dado pelo autor envolve a situação numa delicadeza que confronta os valores morais assentados nos leitores. Choque por si só muito interessante.
Medo do escuro
“Não sei se alguém pode fazer livros ‘para’ crianças. Na verdade, ninguém se apresenta como fazedor de livros ‘para’ adultos. O que me encanta no acto da escrita é surpreender tanto a escrita como a língua em estado de infância”. É assim que Mia Couto inicia o prefácio de O Gato e o Escuro (Cia. das Letrinhas), seu único livro infantil. A obra narra a história de um gato que, cruzando a linha do pôr-do-sol, encontra o escuro. O que a princípio lhe causa muito medo, vai, aos poucos, sendo entendido como parte dele e, como tal, com potencial infinito de ser qualquer coisa que imaginar. Entender o escuro como parte de si gera no leitor um enfrentamento do próprio medo e permite um aprofundamento no modo de lidar com aquilo que cegamente (eis o maior problema do escuro) teme.

Autora: Bianca Alves Borgianni
Publicado em: 21/07/2010

sábado, 14 de julho de 2012

Poesia de Marcos Mairton

 


O SUJO E O MAL LAVADO
Marcos Mairton

Que a política está cheia
De gente bem desonesta,
Ninguém duvida ou contesta,
Afirmar ninguém receia.
Mas o que mais me chateia:
É corrupto safado
Se dizendo revoltado
Por haver outros roubando.
É COMO O SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.


Olhando a televisão,
Volta e meia a gente assiste
Um fazer, com o dedo em riste,
Ao outro a acusação
De fraude e corrupção.
Mas, depois é revelado
Que é igual ao acusado,
Quem estava acusando,
TAL QUAL UM SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.


Há também outras figuras
Que não estão na política,
E chegam fazendo crítica,
Mas fecham com prefeituras
Licitações obscuras
Onde tudo é combinado.
Gente do empresariado
Dessa maneira atuando,
É TAMBÉM SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.


Sonegador lança mão
De todo tipo de embuste,
Para escapar do ajuste,
Das contas com o Leão.
Depois diz: “Todo ladrão
Tinha que ser enforcado”.
Faz cara de indignado,
Mas prossegue sonegando,
IGUAL AO SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.


O pior de suportar
É quando um juiz se vende
E a sua balança pende
Para quem melhor pagar.
Que moral tem pra julgar
Um juiz que foi comprado?
Tinha que ser condenado,
Ao invés de estar julgando.
É SÓ UM SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.


Tem ainda um pessoal
Que diz que é gente de bem,
Mas, se uma chance tem,
Se enfia no lamaçal.
Paladino da moral,
Logo que se vê flagrado,
Alega que foi forçado
A participar do bando.
É MAIS UM SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.


Quase esqueço de falar
De alguns bispos e pastores
Que aos fiéis e seguidores
Têm prazer em enganar.
Mas, não deixam de apontar
O dedo pro outro lado
Dizendo: “Esse descarado,
dos fiéis está roubando”.
É MUITO SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.


Então, para terminar,
Eu deixo uma sugestão:
Quem tiver a intenção
De a outros acusar,
É mister verificar
O que tem feito de errado.
Pra ficar assegurado,
Que não está se portando
COMO UM SUJO FALANDO
QUE O OUTRO ESTÁ MAL LAVADO.

sábado, 30 de junho de 2012

Crônica de João Eudes Costa



SENHOR... O SERTÃO ESTÁ MORRENDO
João Eudes Costa


O sertão está em desespero, com o sol abafadiço queimando, sob nosso olhar tristonho, as esperanças depositadas nas plantações, que também tombam estorricadas pelo hálito morno da terra que se arde em febre.


Senhor, por que tanto sofrimento? Por que sofremos tamanho castigo? Se O ofendemos com tanta veemência, se nossos pecados foram tamanhos, mostra-nos, de uma vez, o caminho certo a seguir, pois jamais tivemos o propósito de O ofender tanto. Estamos aflitos porque não queremos perder a fé, que nos faz resistir a todos os percalços. A confiança em sua proteção transforma nossa fragilidade em intransponível muralha de pedra. Não queremos, pois, perder nossa única fonte de esperanças. Não nos deixe Senhor. Aceitamos a reprimenda pelas nossas faltas, mas não temos forças para resistir ao vazio de Seu abandono.


Nossas plantações, SENHOR, estão morrendo. Nossos açudes secos, e os animais caminham inquietos nos campos sem forragem, com fome e com sede. Nosso trabalho, nossos esforços, nossas esperanças, foram esmagados pela fatalidade da seca.


Não permita, Senhor, que os nossos destinos fiquem na dependência de planos elaborados por homens incapazes, sem consciência, ambiciosos, indiferentes aos nossos sofrimentos. Estamos entediados de tanta angústia, nossa paciência também deve ter limite. As injustiças, mesmo que não queiramos, tenderão a indicar outros caminhos, inclusive o da violência. Por mais que queiramos suportar. Por maior que seja a nossa resignação. Por mais tolerantes que queiramos ser, haveremos de, um dia, nos deixar envolver pela revolta, a exemplo do que Lhe aconteceu, quando teve que reagir à imprudência dos mercadores, que profanavam o templo de Seu Pai.


Volte, SENHOR, os olhos para este sertão. Venha, novamente, em socorro desta gente. Perdoe, mais uma vez, as nossas ofensas, os nossos pecados, e as nossas profanações. Não nos expulse desta terra seca, onde sofremos, mas que amamos com toda a força de nossa alma.


Não permita que este solo seja apenas molhado pelas lágrimas dos que partem para outras plagas, onde irão sofrer muito mais. Não permita que esta terra seca seja umedecida somente pelo pranto dos que teimam em aqui permanecer, agarrados ao pó que se levanta à passagem dos retirantes.


Se tanto pecamos; se O ofendemos a ponto de merecer tamanho castigo, perdoa-nos, Senhor. Se nós chegamos ao desespero e se a revolta superou a fé, foi porque estamos exauridos de tanto massacre, tanta injustiça e de tanta coação, vencidos pela sanha de nossos implacáveis algozes.


Se agredidos pelos poderosos da terra, venha, SENHOR, em nosso auxílio. Deixe a chuva cair para amenizar esta febre que aquece a terra, queima as nossas plantações, secam as nossas fontes de água, e nos vai matando pouco a pouco. Se não merecemos compaixão, tenha piedade dos animais que sofrem as conseqüências da maldade da terra, e se aglutinam em torno de nós, para sofrerem também, para chorarem e morrerem conosco, castigados pela terrível seca.


Se nossa fraqueza, nossa maldade superam o limite da tolerância e se nossas faltas merecem tamanha punição, rogamos pelas crianças que, na sua inocência, brincam com as bonecas de milho que não frutificaram. Que secaram pela inclemência do sol, pela falta de chuvas. Aquela criança sentar-se-á em vão, em torno de uma mesa, que há muito está e continuará vazia. Quando a fome chegar com maior intensidade as crianças são as que mais irão chorar, Sentindo falta da boneca de milho que se desfez em suas mãos, como a colheita que desapareceu após se constituir na grande esperança do agricultor.


Senhor, nesta hora difícil, olha para o meu sertão. Permita também que anjos e santos também volvam o olhar para esta terra que se arde na fogueira do desespero. Olhando-nos do céu, terão compaixão de nosso sofrimento, e, juntos, chorarão a nossa dor. As lágrimas descerão pelas nuvens, molharão a terra, cairão sobre as plantações, os campos renascerão e tudo ficará alegre.


Somente assim veremos partidos os grilhões que já nos prendem os pulsos. Com nossas mãos livres, nossos pecados perdoados e com a ajuda da bendita chuva voltaremos ao amanho da terra para renovar nossas esperanças. Crianças contentes, animais pastando fartamente, os pássaros haverão de voar bem alto levando a nossa mensagem de fé, de esperança e gratidão. Na terra ficarão homens que tocam no peito agradecendo e com olhos fitos no céu dirão, respeitosamente: OBRIGADO SENHOR.


FONTE: BLOG MUNDO CORDEL

I EXPOSIÇÃO DE ARTE: “Boa Esperança dos meus Olhos” - CEPM

É um prazer enorme cumprir com o nosso papel de educar e germinar a cultura.  A  I - Exposição de Arte do CEPM, é uma das muitas ações que realizamos com o anseio de educar. Na produção musical escolhemos as músicas do Rei do Baião por este ser um ícone da música brasileira,  Luiz Gonzaga nasceu em uma fazenda chamada Caiçara na zona rural de Exu na Serra do Araripe no estado de Pernambuco no ano de 1912, exatamente no dia treze de dezembro e foi além de um ótimo cantor, um compositor que fazia músicas que fazem parte da cultura brasileira até os dias de hoje, Luiz Gonzaga era filho de um lavrador e sanfoneiro, senhor Januário José Santos e de Ana Batista de Jesus, agricultora e dona de casa. Quanta saudade Luiz Gonzaga deixou, mas também nos deixou um trabalho belíssimo que até hoje e para sempre será admirado por todos nós, tanto os que tiveram oportunidade de ir a um dos seus shows ou até mesmo conviver com ele como também as gerações futuras que reconhecem todo o talento deste homem simples, mas que soube fazer de sua simplicidade o ingrediente principal para suas canções. E este ano iremos comemorar o seu centenário. “Boa Esperança dos meus olhos” é a temática usada para inspirar nossos artistas na composição de sua arte. Nossa Padre Marcos, antiga Boa Esperança era um oásis naquele deserto de desentendimento e contendas políticas que assinalaram a época em que o Padre Marcos de Araújo Costa viveu. Além de alimento, conforto, dinheiro, instrução até justiça ele distribuiu gratuitamente. Foi realizado um trabalho de investigação da nossa história, com pesquisas e visitas, produzidas pelos professores desta escola. E posteriormente a produção de imagem foi realizada por mim em traços históricos e seleção e em seguida por nossa professora do Infantil II Francilania que as produziu no plano de rascunho.  Após todo trabalho ver as telas dos alunos prontas, nos surpreendeu o resultado obtido. Parabéns aos nossos artistas!!!





Decisão do TSE de liberar 'contas sujas' provoca reações em Brasília

Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral liberou a participação de políticos com as contas sujas nas próximas eleições municipais.

CRISTINA SERRABrasília
 
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de liberar a participação dos chamados "contas sujas" nas eleições deste ano provocou reações em Brasília.
Foi uma votação apertada. Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral liberou a participação de políticos com as contas sujas nas próximas eleições municipais. O voto que definiu o placar foi do ministro Dias Tóffoli. Ele considerou que os candidatos precisam apenas apresentar as contas da última campanha. E mesmo que as contas tenham sido rejeitadas pelos tribunais, eles poderão obter a certidão de quitação eleitoral, necessária para o registro das candidaturas.
O ministro Tóffoli lembrou que, no caso de irregularidades graves nas contas, o Ministério Público tem instrumentos jurídicos para buscar a impugnação da candidatura ou pedir a cassação do diploma, caso o político seja eleito. A decisão atendeu a um recurso de 14 partidos políticos e derrubou o entendimento anterior do próprio TSE.
Em março, o tribunal havia decidido que só poderiam se candidatar os políticos com as contas da última campanha aprovadas. O PSOL, que não assinou o recurso dos outros partidos, criticou a decisão, e pediu que os eleitores se oponham aos contas sujas com o voto limpo.
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral recomenda que o eleitor procure conhecer o histórico e a prestação de contas dos candidatos.
“Ele deve procurar a prestação de contas e analisar para ver se foi aprovada, se não foi, mesmo que isso não tenha validade para torná-lo inelegível. Mas eu acho que na hora do voto, a pessoa tem que privilegiar as pessoas que têm as contas aprovadas e íntegras”, avaliou Jovita Rosa, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.

Fonte: Jornal Nacional