quinta-feira, 14 de abril de 2011

MASSACRE EM REALENGO

               A cada dia somos assolados com noticários de violência, justificados muitas vezes por esta ou aquela razão, na minha ingnorância vejo no descaso familiar e na falta de Deus na vida de cada ser humano as causas de todos estes acontecimentos. O Massacre em Realengo deixa-nos invadidos por um sentimento de dor, angústia, mas principalmente percebe-se que somos frágeis, falhos e desapegados dos maiores sentimentos que a humanidade devia ter - Amor de Deus!!! Abaixo trouxe para enrriquecer nossa conversa a entrevista divulgada pela Folha Online com um dos irmãos do atirador...


"É extremamente triste que a minha família tenha entrado para a história do país por causa de uma história de terror", disse P., 59 anos, um dos cinco irmãos do atirador Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 crianças em uma escola municipal do Rio de Janeiro no dia 7

Em entrevista à Folha concedida na quarta-feira (13), P. contou que a tragédia em Realengo "desestruturou" toda a sua família --uma das irmãs teve que abandonar a casa onde vive no Rio e alguns sobrinhos até deixaram seus empregos. Ele também contou que a família se preocupava com o fato de Wellington passar muito tempo no computador. Segundo P., Wellington deixou o tratamento psicológico porque não queria mais ir às sessões.
Leia abaixo a entrevista concedida numa cidade de Goiás, próxima ao Distrito Federal.

Folha - Como a família reagiu em relação à tragédia na escola de Realengo, no Rio?
Irmão de Wellington - Fomos pegos de calça curta. Não tivemos nem ao menos como entender isso. Ninguém esperava isso dele, apesar de Wellington ter uma personalidade fechada. Assim como o Brasil está perplexo, nós também estamos. Assim como todo mundo está tentando descobrir o que aconteceu, nós também estamos. É extremamente triste que a minha família tenha entrado para a história do país por causa de uma história de terror. Até amigos meus que moram fora do país, na Itália, nos EUA, me ligaram apavorados. Tudo isso desestruturou minha família no Rio. Eles estão muitos assustados, até porque antes tinham uma vida pacata. Alguns sobrinhos até largaram o emprego, e minha irmã deixou a casa dela, no Rio.
Como era a relação dele com a família?
Quando ele chegava em casa, era sempre com a boca fechada. Ele conversava pouco com a família, mas não era agressivo. Quando havia festa na casa de minha mãe e todos irmãos estavam lá, Wellington fazia um prato e ia para o quarto dele. Todos os cinco irmãos são muitos comunicativos, só Wellington que não era assim. Ele tinha dois ou três amigos. A imprensa fala que ele não tinha amigos, mas tinha ao menos uns três.
Talvez ele já estivesse com problema mental naquela época e, quando sentiu a perda da mãe, foi ali que a doença se apresentou. Até então, ele só apresentava esse jeito fechado. Como a gente não tem entendimento sobre esse tipo de coisa, fica difícil de descobrir algo, uma doença assim.
A família se preocupava com o jeito fechado de Wellington?
Eu era um dos mais preocupados com o jeito fechado dele. Mas várias famílias tem jovens fechados e isso não é necessariamente um problema. Nenhum irmão ou vizinho poderia imaginar que Wellington chegaria a isso.
Vocês notavam que havia algo de errado com Wellington?
Todos os irmãos se preocupavam pelo fato de Wellington ficar muito tempo na internet. O tempo todo ele passava em frente ao computador. Em geral, ele comia vendo TV ou levava o prato para o lado do computador. Como o computador ficava no quarto dele, ninguém ficava entrando. Minha mãe tinha muita preocupação em relação às amizades que ele poderia fazer pela internet.
A família encaminhou Wellington para tratamento com psicólogos? Por que ele parou?
A própria escola chamou a minha mãe numa época e recomendou que ela levasse Wellington para um psicólogo. Minha mãe levava Wellington para a terapia e ele foi fazendo o tratamento. Quando ficou mais velho, perto da maioridade, minha mãe contou que ele não queria mais ir e ela resolveu não obrigá-lo.
Como era o comportamento de Wellington em casa, com a mãe de vocês?
Não havia agressividade, o que havia era mal criação, às vezes. Minha mãe tratou Wellington com muito amor e carinho. Como ela o adotou com pouco mais de 50 anos, acho que ela pensava que ela iria faltar mais cedo para ele. Ela tratou Wellington até melhor que os outros filhos.
Minha mãe era um porto seguro para o Wellington, pois ele era um menino que quase não se relacionava com mais gente. Todos os irmãos eram mais velhos e casados. Mas, mesmo assim, a gente sempre tentava conversar com ele. Ele era bem paparicado.Minha irmã fazia doce e bombons para ele. Wellington quase não saía de casa. Depois que minha mãe morreu, até comida ele pedia, marmitex.
Wellington sempre teve ligação com alguma religião?
Minha mãe era extremamente religiosa, era testemunha de Jeová. Wellington também a acompanhava na igreja. Depois, quando foi crescendo, ele acabou se afastando dessa religião, acho que procurou outras religiões. Minha mãe nunca ensinou nada de ruim ao Wellington, nada desse radicalismo. Ela deu cultura, família e valores.
Wellington chegou a ter alguma namorada? Teve alguma decepção amorosa?
Pelo que nós sabemos, ele nunca teve namorada.
E sobre a suposta ligação de Wellington com grupos islâmicos?
Não sabemos nada sobre ligação dele com grupos islâmicos.
Como está a sua vida desde a tragédia?
Tenho tentado permanecer tranquilo, mas evito sair de casa. Não queria estar no meio dessa história, por isso estou evitando falar com a imprensa.
Como você soube do envolvimento de seu irmão na tragédia na escola de Realengo?
Eu soube do que aconteceu pela TV. Vi que a reportagem falava sobre a escola próxima da nossa casa, no Rio. Nem imaginei que era o Wellington. Quando falaram o nome dele na TV, desmoronei. Como um rapaz que tinha medo de todo mundo de repente é tomado daquela força? Parecia uma força maligna. Vivo rezando e pedindo por todos, pelas famílias vitimadas.


Escrito por Folha Online   
Qui, 14 de Abril de 2011 11:40
 LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA

Um comentário:

  1. Muitas vezes a familia esquece o seu verdadeiro papel, o de educar...

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